Hoje temos uma entrevista com o melhor atleta brasileiro na disputa da 4ª etapa da Copa do Mundo UCI Mountain Bike Cross Country (XCO), que aconteceu neste último domingo (2 de agosto) em Mont Sainte Anne, no Canadá, ao finalizar a competição na 52ª colocação, garantindo pontos preciosos no ranking mundial UCI! Com vocês: Sherman Trezza de Paiva!
- Nome: Sherman Trezza de Paiva
- Idade: 26 anos
- Cidade natal: Lambari- MG
- Modalidade: Mountain Bike XCO (cross country) e XCM (maratona)
- Principais conquistas: Top 4 MTB XCO (2014), vice-campeão brasileiro MTB XCO (2013), Campeão Pan-americano Sub23 (2010), Campeão open Brasil Ride com Henrique Avancini (2013).
- Equipe atual: Caloi Elite Team
01. Apesar de estar afastado das provas do circuito mundial há quase um ano, foi o melhor ciclista brasileiro na Copa do Mundo de mountain bike, no Canadá. Como foi a sensação de participar, pela quarta vez, desta competição em Mont Sainte Anne?
Mont Sainte Anne é uma etapa tradicional do circuito mundial e é um
local realmente especial para prática do esporte. Essa foi a 25*
edição de provas oficiais neste local. Minha primeira participação em
MSA foi no mundial de 2010 e, a cada ano, a pista sofre mudanças, pois
existem várias opções de trilhas na montanha. Para nós brasileiros, as
duas etapas da Copa do Mundo na América são boas, pois o desgaste com
fuso e viagem é um pouco menor, comparado com as etapas na Europa.
Quanto ao meu rendimento, acredito que foi bom, comparado à nossa
estrutura, ao nível da competição, à posição de largada e ao nível
técnico da pista.
02.A prova contou com um circuito de 4.150 metros de distância por volta, considerado bem duro e técnico. Como costuma treinar (no Brasil) para competir neste tipo de percurso, uma vez que contamos com terrenos bem diferentes?
Realmente acredito que essa seja uma das maiores dificuldades que
encontramos quando vamos competir fora do país. Além do nível dos
pilotos ser muito alto, o nível técnico é também muito grande. De fato
não temos circuitos tão exigentes em nosso país, o relevo e as
condições do solo são diferentes. A melhor forma de se adaptar é
treinando e competindo nesse nível durante a temporada. Como é difícil
estar presente em todas as etapas, procuro de alguma forma não deixar
de lado a parte técnica durante a preparação. Sempre que posso faço
alguns treinos com a bike de Enduro e procuro treinar XCO em
diferentes tipos de pista, o que ajuda bastante.
03. O próximo desafio será agora a 5* etapa do mundial, em Windham (EUA). Como você procura lidar com a pressão e o psicológico, principalmente entre e/ou pré-provas?
Costumo falar que a pressão sempre vai existir, principalmente a
auto-pressão. O que muda é a maneira de enxergar e lidar com ela. Com
o passar do tempo, a gente fica mais experiente, aprende com erros e
acertos e passa a lidar com a pressão de uma forma diferente, afinal o
resultado vai depender de como foi a preparação e nesse ponto não
existe "milagres". Se você treinou, se dedicou e fez tudo certo é bem
provável que os resultados irão aparecer. Aos poucos a gente passa a
entender que também não da para estar 100% durante toda temporada,
principalmente na temporada nacional, que é muito extensa. É preciso
traçar objetivos, escolher as competições alvos e estar ciente de que
algumas provas irão entrar no calendário como parte da preparação para
as provas principais e dificilmente você estará se sentindo bem nesse
período.
04.Qual seu principal objetivo neste temporada de 2015?
Esse ano tive um começo de temporada não muito bom, falando de
resultado dentro das provas. 2014 terminei a temporada muito tarde e
isso acabou refletindo na preparação de 2015. Então, resolvi focar nas
provas do meio do ano em diante. Treinei bastante para o brasileiro e
apesar de não fechar a prova no top 5 como gostaria, achei que o
rendimento foi legal. Agora vou fazer essas etapas da Copa do Mundo,
em setembro talvez mais alguma competição fora do país válida pelo
ranking internacional e no mês de outubro encerro a temporada com uma
etapa da Taça Brasil e o Brasil Ride, onde vou competir ao lado do meu
parceiro de equipe - Fred.
05.Há quanto tempo pratica o mountain bike e o que te motiva neste esporte?
Comecei a praticar o Mountain Bike Cross Country no ano de 2001, então
esse ano completei 14 anos no mundo das duas rodas. Iniciei em uma
equipe da minha cidade, a Lambari Iron Team, que por sinal existe até
hoje. Somando 18 anos de existência, a equipe realiza um grande
trabalho com as categorias de base e hoje conta com o apoio da GT
Bicycles. Sempre conciliei estudo, trabalho e esporte. Em 2009
consegui me profissionalizar e, então, pude deixar o trabalho e me
dedicar ao esporte em tempo integral. Me tornar um atleta profissional
no Mountain Bike era um sonho de criança. Hoje alcancei esse objetivo,
e dentro do esporte, a todo momento, surge uma nova meta, um novo
desafio. Acho que isso me mantém motivado a continuar trabalhando e
evoluindo, sempre buscando alcançar novos objetivos.