Entrevista

Entrevista: Lucas Borba

Hoje temos uma entrevista exclusiva com Lucas Borba! O piloto de downhill nos conta como foi sua experiência fora do Brasil, neste último mês de maio.

Nos dias 07 e 08, Lucas competiu na segunda etapa do Campeonato Catalão de DH, em Andorra, ficando com a 27ª colocação na elite, de um total de 300 atletas. E, logo em seguida, nos dias 14 e 15, competiu na terceira etapa do Campeonato Catalão de DH, em Espot – Espanha, no qual levou a 12ª colocação na elite, de um total de 190 atletas.

Sobre:Lucas Borba

  • Nome: Lucas Borba
  • Idade: 21 anos
  • Cidade natal: Ibirama- SC
  • Modalidade: DH (downhill) e Enduro
  • Principais conquistas: Campeão Pan-Americano Júnior (2013), campeão Open Shimano (2014), bronze no Campeonato Brasileiro (2015), Campeão Nacional DH (2015), vice-campeão Descida das Escadas de Santos (2016).
  • Equipe atual: Audax/ Shimano

 

01. Quais são as principais diferenças entre estas duas provas que correu fora e as que disputou no Brasil

LB: A prova foi muito diferente, principalmente o nível de atletas. Na minha categoria, Elite, tinham 190 atletas na disputa. Por serem provas que valem pontos para o Ranking Mundial, o nível estava bem forte, estavam presentes diversos pilotos que correm toda a temporada da Copa do Mundo (UCI Mountain Bike World Cup).

02. O que aconselharia para um atleta que sai do Brasil e decide competir na Europa?

LB: Sempre é bom ter alguém junto com você, um familiar, um amigo. Isso acaba dando mais confiança ao atleta, por não estar sozinho. Também aconselharia levar na bagagem as técnicas adquiridas em pistas de alto nível e, claro, aproveitar cada momento!

03. Sabemos que você já havia testado o percurso de Andorra em outros anos. Como foi seu retorno ao circuito em relação aos últimos mundiais?

LB: A pista de Andorra é muito completa! Ela tem 2,4km de extensão, com muitas pedras e raízes, partes muito íngremes e trechos com pedal. O atleta precisa estar muito preparado fisicamente e tecnicamente. Fiquei muito contente com o retorno que tive neste evento, aprendi muito andando no Campeonato Mundial e também vendo os melhores do mundo andar, vendo algumas linhas diferentes no percurso e tudo mais. Em questão de resultado nessa corrida de Andorra, foi uma pena que na final começou a chover muito, assim não consegui trocar os pneus de chuva e ter uma competição igual a todos. Mas foi muito positivo, a pista estava com muita lama e fiquei muito contente com meu desempenho, diante das condições que eu me encontrava!

04. Quais lugares para pedalar você conheceu na Espanha? Qual foi sua impressão e quais foram as principais diferenças dos locais onde treina normalmente?

LB: Tive oportunidade de andar em uma pista que foi construída por Thomas Misser, piloto de DH aposentado que já foi Campeão do Mundo. Fui também em um bike park chamado La Poma, com muitos saltos de Dirt Jump, pumptrack, dual slalom. A principal diferença é que as pistas são completas e o acesso ao topo da montanha é muito bom, normalmente com estradas asfaltadas ou, então, com teleférico. As pistas são longas, com aproximadamente 4 a 5 minutos de descida.

05. Como você vê o tema da organização entre as provas do Brasil e Espanha/Andorra? Poderia destacar alguns pontos a melhorar em ambas?

LB: Sinceramente, as provas que eu corri em Andorra e Espanha não tenho o que falar, foi demais! Muito organizado e tudo funcionou corretamente. Por exemplo, horários de treinamento e horários de largada para qualify e corrida. Não teve nenhum atraso, tudo funcionou perfeitamente! Temos que nos pautar nestes pontos que citei para melhorar as provas aqui no Brasil.

06. Como enxerga o MTB e o ciclismo em geral no Brasil em comparação com a Europa? De que maneira acredita que o Brasil poderia evoluir nesta questão?

LB: Na Europa, o que me chamou atenção, é que o povo gosta do ciclismo e MTB, em geral. As crianças são incentivadas pelos pais, desde cedo, e são fornecidos apoios das federações. Mas o que mais me chamou atenção foi a educação dos motoristas com os ciclistas na estrada, lá existe Respeito. Enquanto, aqui no Brasil, ciclistas profissionais estão morrendo atropelados durante o treino, ou seja, durante o trabalho.

07. Gostaria de aventurar-se no próximo ano e perseguir o sonho de ser um atleta top 10 no ranking mundial?

LB: O sonho é este, capacidade nós temos! O que realmente falta é apoio e oportunidade de fazer algumas temporadas durante toda a Copa do Mundo. Só estando no meio e vivendo é que conseguimos! Temos exemplos de Markolf Berchtold e, atualmente, Marcelo Gutierrez, que ficou anos na temporada da Copa do Mundo e agora está entre os 10 melhores do mundo! A missão não é nada fácil, mas vamos atrás disto!

08. Como foi sua experiência, em geral? Teria algo que gostaria de acrescentar?

LB: A viagem foi muito boa, conhecer pessoas novas e tudo mais. Assim, podemos ter mais ideias de onde aperfeiçoar a técnica, treinamentos específicos e tudo mais. Em setembro, iremos para Andorra novamente, onde vou competir a última etapa da Copa do Mundo e, na semana seguinte, vamos para Itália, onde acontece o Campeonato Mundial.

 

*Colaboração da entrevista: Stephen Black. (muchas gracias!! ; )

Cobertura de evento

Descida das Escadas de Santos 2016

Créditos: Wilson Nascimento

Neste último final de semana, de 12 a 14 de fevereiro, o Morro do Pacheco acolheu a 14a edição da Descida das Escadas de Santos, a principal competição de downhill urbano (DHU) da América Latina. Depois de 13 anos nas escadas do Monte Serrat, a prova mudou de cenário para um percurso de 514 degraus, com 600 metros de extensão e desnível de 143 metros, equivalente a um edifício de 45 andares.

A prova reuniu cerca de 90 pilotos, contando com os melhores atletas do Brasil e do mundo. O novo circuito, bastante estreito e íngreme, certamente foi tido como desafio para todos. Para Wallace Miranda, que corre na Descida desde 2003:

A pista era bem rápida e divertida, mas já estava precisando de algumas mudanças e no Monte Serrat não tinha muito para onde ir. Achei bacana esta ideia de mudar o percurso para o Morro do Pacheco, pois tem mais opções de traçados para mudar o percurso, nos próximos anos. Além disso, a comunidade acolheu muito bem os atletas e o evento como um todo.

Infelizmente, ainda não foi desta vez que os brasileiros conseguiram desbancar Filip Polc, mais conhecido como Polcster (fusão de seu sobrenome com o apelido Monster). O eslovaco levou o sexto título, se tornando hexacampeão da Descida das Escadas de Santos, com um tempo de 58”895.

Mas foi por muito pouco, ou melhor, por 9 centésimos de segundo, que o brasileiro Lucas Borba (Audax/Shimano) não alcançou Polcster. Lucas, então vice-campeão, saiu bem satisfeito e com sensação de dever cumprido:

“Estou muito contente com a prova e com meu resultado. Certamente mostra que estamos no caminho certo e, no ano que vem, queremos trazer essa coroa para o Brasil.”

A emoção e a adrenalina dos pilotos contagiavam a todos. Desde moradores da comunidade até quem estava nos bastidores do evento. Uma vibe incrível!

” A prova foi fantástica, o nível técnico dos pilotos estava bem alto, andando rápido e achei que não iria conseguir baixar de 1 minuto nos treinos, mas na hora da prova consegui baixar. Fiquei feliz com o resultado da competição, o evento estava muito bem organizado. Com o pessoal todo gritando na pista, parecia que estavam todos dentro do meu capacete e achei isso demais! Estava preparado para vencer e queria muito ganhar, mas o nível estava muito forte. Agora, estou preparado para os próximos desafios e espero poder correr o circuito mundial do City Downhill World Tour.”  Conta o atleta Wallace Miranda, que conquistou a terceira colocação, com um tempo de 59”400.

A final foi transmitida ao vivo no Programa Esporte Espetacular da TV Globo. Confira aqui o vídeo dos 3 primeiros colocados:

Clique aqui para conferir mais fotos

* Confira mais detalhes no Site Oficial: descidadasescadasdesantos.com.br