Beatriz Frias
Há um bom tempo este tema me intriga bastante: a maternidade. E foi então que, alguns dias atrás, me deparei com dois ótimos textos sobre o questionamento do assunto, com os quais me identifiquei muito e me deram força para escrever a respeito.
Desde a infância, nós meninas ganhamos bonecas e já começamos a brincar de ter e cuidar de um filho. O tempo passa, e muitas garotas levam este sonho a sério: diversas amigas no colégio já querem ser mães, se imaginam e traçam este objetivo e sonho de vida.
Ai se algum menino deseja também ter uma boneca para brincar. Isso é restrito para as crianças do sexo feminino. Cuidar de bonecas, meninas. Carrinhos, para meninos. Não é mesmo?
Isto tudo devido ao que aprendemos desde pequenos. A vida é feita de ciclos: nós nascemos, crescemos, nos reproduzimos e morremos. Porém, não é dito que este ciclo serve somente para os seres que não possuem a capacidade da escolha.
Durante nossa vida, nós temos diversas oportunidades de planejar e escolher os caminhos que queremos traçar, bem como estabelecer objetivos e metas. Tanto na vida profissional, quanto na amorosa e por aí vai…
Entretanto, a mulher nem sempre teve tanta liberdade quanto atualmente. Antes, só existia uma escolha e um destino para ser seguido, que se resumia em se casar, procriar, cuidar da casa e servir ao marido. Mas, será mesmo que todas as mulheres gostariam de ser mães? O instinto materno está presente em todo ser humano do sexo feminino?
Bom, felizmente, com o tempo, a sociedade vem mudando e se estabelecendo de forma diferente. As mulheres, hoje, possuem muito mais liberdade da escolha. Até mesmo porque a maternidade, apesar de proporcionar um sentimento único, não é fácil! Com a maternidade, vem também a necessidade da dedicação 24 horas por dia e ainda a abdicação da própria independência. E é neste ponto em que entra o julgamento do socialmente correto. Apesar de o mundo ter mudado muito, para alguém conseguir tomar uma atitude fora do padrão, é preciso muita certeza e autoconfiança, pois, neste caso, por exemplo, muitos enxergariam a mulher que escolheu não ter filhos como coitada ou até mesmo egoísta.
Para complementar, faço aqui uma citação do texto “Às vezes não querer ter filhos é um ato de altruísmo”, escrito por Sílvia Marques, na Obvious Magazine: “Sei que colocarei o dedo na ferida, mas infelizmente vemos muitas mulheres sem instinto maternal e despendimento lutando para serem mães. Mulheres que trabalham 14 horas por dia e que se colocam em primeiro, segundo e terceiro lugar querendo ser mães. Por quê? Para cumprir um preceito social? Para dizer que conquistou tudo que é importante para uma vida próspera?Filhos não são bonecas com quem brincamos quando queremos. Filhos são seres humanos extremamente dependentes e exigentes que vão desejar o melhor dos nossos sentimentos, o melhor do nosso tempo e energia.Criar bem um filho não se resume a pagar a mensalidade de uma boa escola e encher a criança de presentes caros. Criar bem um filho não se resume a decorar um quarto lindo para ele e levá-lo para a Disney nas férias de julho.”
Há mulheres que se sentem realizadas quando se tornam mães, outras que encaram a maternidade como parte da vida, do script a ser seguido. E há, ainda, as que simplesmente não desejam ter filhos. Portanto, acredito que o assunto sempre será polêmico, mas ainda assim, não adianta tentar preencher o vazio com a expectativa do outro. A felicidade está aqui, dentro de cada uma de nós.
Artigo publicado originalmente na Revista ARRASO | Filhos * edição n.55 *
Boa, seus artigos são sempre ótimos!
Obrigada João! Valeu pela visita!