Beatriz Frias
Fazia algum tempo que eu andava refletindo sobre um determinado assunto e queria muito poder compartilhar, mas não encontrava como poderia defini-lo exatamente. Até mesmo porque, muitas vezes, as palavras não são suficientes para nos expressarmos da maneira que gostaríamos.
Porém, estes dias, coincidentemente, me deparei com uma frase de Pablo Picasso e logo pensei: oba! Era exatamente isso que eu estava procurando. “A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.”
Parece um pouco de loucura, mas nós somos movidos pelos nossos desejos. Não, não estou falando exclusivamente de relacionamentos, mas sim das diversas paixões que nos dão forças e motivos para levantar todos os dias (com vontade) para ser e fazer algo a mais. Algo que faça somar, algo que, muitas vezes, pode até não possuir uma explicação real e racional.
Entretanto, ainda assim, algo que te mova em direção ao seu desejo e objetivo. Durante o meio do percurso, ele pode acabar mudando de direção, podemos errar a ‘passada’, encontrar muitas pedras no meio deste caminho, até mesmo cair. Mas o importante aqui é levantar e corrigir a rota.
Se eu pudesse traduzir este sentimento dos “brilhos nos olhos“ de uma pessoa em uma palavra seria certamente com: Entusiasmo! “Entusiasmo tem a sua origem no latim. Ele é derivado de enthusiasmus, que, por sua vez, é derivado do grego enthousiasmos, que tinha como significado ‘inspiração divina’.” E será que isto teria alguma relação com estilo e qualidade de vida?
É exatamente neste ponto que gostaria de chegar. Uma vez que vamos perdendo este entusiasmo, não nos sentimos motivados, sem objetivos pessoais, profissionais… Acabamos perdendo aquela “vontade de viver” (não aquela que você torce para chegar a sexta-feira, esta seria meramente uma escapatória para nossas frustrações).
E assim vamos, consequentemente, perdemos a vontade de cuidar de nós, deixando de ser o protagonista das nossas próprias histórias e passando a “Deixar a vida nos levar…”.
Levar-nos… Pode ser até positivo, uma vez que nos remete algo de fluidez. Em contrapartida, pode também ser sinônimo de ausência de decisões, como se o fato de não decidir não fosse também uma escolha e gerasse suas respectivas consequências.
Portanto, acredito que nossa vida é composta por um conjunto, o qual é formado por diversas partes, movidas, além da energia dos alimentos, também pela energia da alma e do coração.
Cada vez que desistimos de um sonho estamos perdendo uma pequena parte nossa. Não estou contradizendo, nem menosprezando o nosso lado racional, muito menos a dedicação e força de vontade. Mas se, além disso, não tivermos um ‘algo a mais’, um ideal que acreditamos, chega um momento que tudo perde o sentido e desistimos facilmente.
Por isso, milhares de pessoas não sustentam seus empregos, não dão continuidade ao exercício físico, desistem de se alimentarem corretamente e mais outras tantas coisas. Tudo bem, não são em todos os momentos que estamos cem por cento empenhados.
Pode acontecer, sim, de da noite para o dia tudo de repente desaparecer. Mas então, qual seria a chave para alimentar este desejo de viver? Eis a questão que deixo hoje para vocês.
Artigo publicado originalmente na Revista ARRASO | Boa Comida * edição n.51 *
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