Artigo

A Arte da Escolha

Beatriz Frias

A pós-modernidade nos faz mudar a maneira de conduzir as nossas vidas. Parece tudo mais rápido, simples e fácil. São mais informações mas, ao mesmo tempo, fica cada vez mais difícil lidar com tudo isso.

São milhares de conteúdos gerados através dos mais variados meios de comunicação. Isso tudo fez com que nós mudássemos, querendo ou não, nossa forma de viver. Que conduta devo ter nas mídias digitais? Estou comprometendo meu emprego?

Indo um pouco mais além, essas novas tecnologias acabam também influenciando os laços com as pessoas. Os distantes se aproximam, porém, de outro lado, essa nova “intimidade” acaba provocando brigas e destruindo relacionamentos. Mas será mesmo culpa do Facebook, Whatsapp, ou seja lá qual for o canal?

Para fazer um paralelo a isso, estes dias li um excelente artigo de Jorge Forbes, no qual o psicanalista e médico psiquiatra fala da infidelidade em tempos de whatsapp: “O amor, especialmente na pós-modernidade, não se expressa em nenhuma moral de costumes. Amar é bem mais complexo do que o claro ou escuro. São as nuances que melhor rimam com os romances. Alguém poderia perguntar por que nestes tempos pós-modernos continuamos a presenciar crises de ciúmes apaixonadas. Embora pareça contraditório, não é. Exatamente porque vivemos uma época múltipla e flexível é que os ciúmes se acerbam como uma tentativa – falsa, sem dúvida – de acalmar a angústia da escolha.” (“Eu sei tudo de você?”, Istoé Gente 17 de fevereiro).

Com isso, acabamos chegando novamente na famosa escolha. Parece que, antes, em tudo havia um certo e um errado. Você tinha A ou B. Mas, de alguns anos para cá, as múltiplas alternativas acabam nos deixando até confusos, por não termos o discernimento do que fazer.

Da mesma forma que a tecnologia é criada para agregar, somar e compartilhar tudo de maneira a simplificar nossas vidas, ela também acaba gerando informações controversas.

Ao invés de termos um ou outro alimento para escolher, temos milhões de tipos e variações. Isso sem falar da diversidade de aulas em academias, modalidades de esporte ganhando força. De repente, você é bombardeado por ofertas de alimentos sem gordura, sem açúcar, sem glúten, sem lactose e não sabe mais nem por onde começar. Isso sem contar os alimentos que antigamente eram considerados ‘vilões’ e, atualmente, viraram ‘mocinhos’, como o exemplo do ovo.

Claro que, acredito que tudo é para um bem maior, o conhecimento está sendo cada vez mais aprimorado e, consequentemente, compartilhado. O que é ótimo! Porém, o que está acontecendo é que nós, na maioria das vezes, não sabemos como lidar com toda essa mudança e esse excesso.

As informações são bombardeadas, os meios de comunicação crescem por todos os lados no mundo digital. E aí, o que você faz com tudo isso? Como dizer o que seria o melhor a ser escolhido? Mas como assim escolher?

Todos os dias e todas as horas estamos fazendo algum determinado tipo de escolha, das simples às mais complexas. Pode ser no seu trabalho, na sua alimentação, em seu relacionamento.

Aqui vale citar novamente o psicanalista Forbes, uma vez que ele defende que se temos, por exemplo, dez alternativas, a única coisa que temos certeza é de que quando escolhemos uma, estamos perdendo as outras nove.

O pior de tudo é que é a pura realidade, mas se formos pensar desta forma, ficaremos loucos, não é mesmo? Na minha visão, a escolha não precisa ser universal, ela pode, e deve, ser singular. A melhor resposta não é nem sim nem não, depende. Nem certo, nem errado. Existe o melhor para cada ser humano e cada situação.

 

Artigo publicado originalmente na Revista ARRASO | Noivas (do Jornal de Piracicaba) * edição n.49 *

 

https://instagram.com/p/0nUEvaBrxt/?taken-by=beatrizfrias

 

2 comentários em “A Arte da Escolha

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