Artigo

O ambiente de dentro e o de fora de nós

Beatriz Frias

O design e a decoração de ambientes lidam com o desenvolvimento da estética e da criatividade em transformar espaços. Com eles, a indústria da construção civil e, também, a arquitetura têm lançado uma infinidade de materiais e insumos que aguçam o desejo do consumo. Os projetos de decoração são baseados nas tendências do mundo moderno, que são basicamente: conforto, praticidade e economia. Mas, não para por aí…

Devido à grande mudança na vida das pessoas de uns anos para cá, as necessidades também mudaram e, enquanto antes o tamanho do imóvel era o mais importante (mesmo que mal planejado e distribuído), hoje as áreas em comum é que fazem a diferença.

Essa importância está diretamente relacionada a outro novo padrão de comportamento que encontramos, e que também é consequência da correria do dia-a-dia: o aumento da procura por imóveis mais compactos. Sim, porque, atualmente, paramos cada vez menos em casa, as famílias já não são mais tão grandes, homens e mulheres estão casando cada vez mais tarde e acabam optando por sair da casa dos pais para morar sozinhos.

Esse público quer independência, seu ‘cantinho’. Ao mesmo tempo, quer interagir e usufruir das ‘áreas livres’. Querem uma casa pequena, um terreno grande, com bastante área livre, preferencialmente verde ou mesmo apartamentos compactos que apresentem terraço e áreas de lazer e confraternização.

Entram também nesta lista: espaços para a prática de esportes e atividades em geral, salão de festas, piscina, sauna, sala de jogos, quadras poliesportivas, academia de ginástica, quadra de tênis, churrasqueira, forno de pizza, espaço gourmet, etc.

Os projetos são práticos, as cozinhas, ao invés de grandes metragens, são integradas à área social, ou até mesmo com a sacada, as quais são denominadas cozinhas gourmet. Esse modelo surge como resultado de outro padrão de comportamento trazido pela vida moderna: como muitos acabam se alimentando na rua, quando estão em casa fazem do ato de cozinhar uma celebração, um hobby.

O prazer de usufruir desses espaços é indescritível. E existe um elemento que também agrega: áreas construídas menores dão menos trabalho e menor custo de manutenção. Além disso, nos deixam mais livres para pensar em pequenos projetos, que trazem beleza, mas também praticidade a um cotidiano tão corrido.

Exemplo disso são os canteiros para hortas e floreiras com temperos e hortaliças. Isso mesmo! Você pode ter seu próprio canteiro. No prédio onde moro, por exemplo, há diferentes temperos plantados na área comum. E, no meu apartamento, tem um ‘minicanteiro’ na sacada, onde plantamos hortelã. Então, quando faço sucos ou até mesmo salada, pego hortelã fresquinha, é muito gostoso e super saudável!

O filósofo Alain Botton publicou, em 2007, o livro A arquitetura da Felicidade. No livro, ele defende que o que buscamos numa obra de arquitetura, em nossa moradia, não está tão longe do que procuramos num amigo. Para ele, o lar não é um refúgio apenas físico, mas também psicológico, o guardião da identidade de seus habitantes.

Isso nos remete para muitas possibilidades, como adequar a arquitetura, o design, a decoração às nossas necessidades singulares e aos nossos gostos e sentimentos. De forma mais simples do que imaginamos, podemos nos surpreender ao tornar nossas vidas muito mais confortáveis e práticas, exercitando um diálogo que nos faça construir nosso próprio lar. Não importa se em um apartamento ou em uma casa.

 

Artigo publicado originalmente na Revista ARRASO | Design & Decor  (do Jornal de Piracicaba) * edição n.40 *

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