Artigo

O Poder da Escolha

Eu sempre falo muito sobre escolhas. Desde a escolha de comer uma fruta, até ir à academia, ler um livro, dentre tantas outras. Mas, sabe por quê nossas simples escolhas diárias são tão importantes assim? Eu vou te contar…

Fazemos inúmeras escolhas ao longo do dia. A todo tempo, estamos escolhendo algo. Aliás, o fato de não escolher, também é uma escolha, uma vez que, também gera consequências. Portanto, não tem para onde fugir. Ou você escolhe, ou você é escolhido, ou melhor, a situação escolhe por você!

Com isso, a cada escolha, uma renúncia! Assim, a única certeza que temos é que quando escolhemos uma coisa, estamos deixando outras tantas de lado. E, por isso, muitas vezes, pode ser tão difícil escolher, pois fazer escolhas é saber dizer não!

Além disso, por mais banais que elas sejam, mesmo as mais simples escolhas do dia a dia, que acabamos não dando tanta importância, podem ser mais importantes do que imaginamos!

“Ah! Mas é só mais uma exceção e mais uma e mais uma…”; “Mas, hoje eu mereço!”; “Mas….”. Encontrar um motivo momentâneo para escolher é fácil, porém, esquecemos que nossas escolhas podem ser muito mais poderosas do que imaginamos, uma vez que, elas são essenciais na formação de nossos hábitos. 

Assim como escreveu o psiquiatra Arthur Guerra, em seu livro “Você Aguenta Ser Feliz”, publicado em parceria com o publicitário Nizan Guanaes: “Todos os dias fazemos escolhas que definem quem somos e a vida que levamos”. 

É isso mesmo! Nossas escolhas tem o poder de moldar nossos comportamentos diários, que, por sua vez, formam os nossos hábitos! Os quais são essenciais para se ter uma vida mais consciente e saudável. 

Portanto, na maioria das vezes, o que vale não é aquela escolha baseada na intensidade momentânea, que dura um período de tempo determinado. Eu, por exemplo, não treino várias horas por dia, mas tento praticar quase todos os dias da semana uma atividade, adotando uma disciplina de prática diária, de forma sustentável. E é aí que está o segredo: na constância!

E, por isso, a melhor escolha é aquela que nós conseguimos sustentar! Até mesmo porque, de que nada adianta fazer aquela dieta milagrosa por um ou dois meses e depois não continuar, não é mesmo?

Daí, uma vez que, uma única escolha não nos define, o que nos define são os padrões que nós vamos formando ao longo do tempo, como é o caso do padrão alimentar, por exemplo. Já parou para pensar que comer doce uma vez na semana é muito diferente de comer doce todos os dias? Por isso, a frequência tem muito a ver com o padrão que adotamos.

Tanto na alimentação, quanto na vida! Certo?

Para finalizar, aproveito para deixar uma reflexão sobre este texto e acrescentar que: Somos, hoje, reflexo do que fizemos ontem. Então, quais escolhas você está fazendo hoje para ser quem você quer amanhã?

Beatriz Frias é Administradora de Empresas por formação e Estudante de Nutrição por paixão. Sempre em busca de um estilo de vida mais consciente e saudável, compartilha dicas em seu Instagram @biafriasnutri.

*Artigo originalmente publicado no Jornal do Piracicaba Hoje, no dia 26 de fevereiro de 2023.

Dicas

Dica de livro – “Nutricionismo”, Gyorgy Scrinis

Lançado em maio deste ano no Brasil, o “ɴᴜᴛʀɪᴄɪᴏɴɪsᴍᴏ”, como defende o autor australiano Gyorgy Scrinis, nada mais é do que um ʀᴇᴅᴜᴄɪᴏɴɪsᴍᴏ ɴᴜᴛʀɪᴄɪᴏɴᴀʟ, ou seja, quando damos uma ênfase redutiva, seja na composição nutricional dos alimentos, seja nos padrões alimentares, como forma de identificar e interpretar o quanto eles são saudáveis (ou não).

Quando simplificamos ao extremo, ou até mesmo, quando utilizamos da visão dicotômica e de julgamentos morais binários (bom x ruim), estamos sendo reducionistas, pois acabamos focando, por exemplo, somente em um micro/ macronutriente e acabamos não levando em consideração a interação com o todo.

Além disso, este enfoque (reducionista) pode acabar omitindo ou desconsiderando pontos importantes, como: a qualidade de produção e de processamento do alimento, bem como seus ingredientes.

Em uma época em que os nutrientes são ‘reis’, suplementos vitamínicos são praticamente um seguro saúde. Mas, embora esses suplementos ou até mesmo alimentos produzidos pela indústria possam fornecer uma dose substancial de nutrientes e componentes alimentares extraídos e sintetizados, será que o nosso organismo consegue metabolizá-los da mesma forma quando comemos alimentos integrais, nos quais outros nutrientes e componentes alimentares estão sendo ingeridos em conjunto?

Se seguirmos nessa lógica reducionista, em que os nutrientes são interpretados isoladamente, fora de seu contexto e padrões dietéticos em que são consumidos, alimentos altamente processados podem, com base na presença (ou ausência) de nutrientes específicos, serem considerados nutricionalmente equivalentes ou mesmo mais saudáveis do que alimentos integrais, deixando assim, a sinergia alimentar de lado. 

Bem-vindos ao mito da precisão calórica e nutricional! Lugar onde assume-se que nós queimamos as calorias da mesma forma e na mesma proporção e, a partir daí, a perda ou ganho de peso podem ser minimamente calculadas e previstas. Será mesmo que nosso corpo é assim tão previsível? E onde ficam nossas interações com o ambiente externo e com o interno, como nossas emoções? Acredito que aqui prevalece a arrogância nutricional, aquela que não enxerga que “o todo é maior do que a soma de suas partes“.  

Curtiu a reflexão? Então aproveita! Porque este é um livro para qualquer um que se interessar pelo assunto. Seja profissional da área ou não ;)

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